Nota de Indignação de como foi conduzida a matéria do Fantástico

Na noite do último domingo (20/06), o programa jornalístico Fantástico, da rede Globo exibiu uma matéria na qual referia-se a profissionais cirurgiões-dentistas que realizaram procedimentos estéticos de nível cirúrgico e colocaram alguns pacientes em risco, por ter gerado consequências graves naqueles que se submeteram a alguns destes procedimentos. De forma específica, a matéria tratava de um dossiê realizado em um escritório de Direito do Paraná, que reunia 250 profissionais da área da odontologia que exerciam prática da medicina estética e dermatológica de forma ilegal.

O Fantástico é um programa de enorme repercussão nacional e como profissional cirurgião-dentista, me senti na obrigação de marcar um posicionamento sobre a matéria. A forma em que a matéria foi direcionada, apresentando apenas procedimentos que deram errado de profissionais cirurgiões-dentistas, sem abranger a todos os profissionais que trabalham com procedimentos orofaciais, como os cirurgiões plásticos e dermatologistas, foi um tanto quanto tendenciosa. A reportagem diz explicitamente que há um conflito entre os profissionais da medicina tradicional (dermatológica ou plástica) e os cirurgiões dentistas, isso não existe. São complementares.

Em meu consultório trabalhamos em conjunto. E muitas vezes resolvendo intercorrências provenientes destes outros profissionais, sendo recomendado por eles. Vale ressaltar também que, em toda a matéria, não há um profissional de odontologia que pudesse apresentar o ponto de vista diante de toda esta situação.

Como em todas as demais profissões, não é diferente, há excelentes profissionais e profissionais aventureiros, há quem aja de forma irresponsável e até ilegalmente, invadindo a área de atuação de outras especialidades. Portanto, é preciso separar o joio do trigo.

No ano de 2020, o CFO – Conselho Federal de Odontologia, estabeleceu a harmonização orofacial como especialidade da odontologia. Desde que o profissional odontologista fizesse cursos de especialização em procedimentos orofaciais, com carga horária mínima de 500 horas. Permitindo que os profissionais de odontologia pudessem realizar procedimentos com toxina botulínica, preenchedores faciais e outros processos correlatos.

A reportagem exibida no Fantástico é, por assim dizer, injusta, visto que deu a entender que profissionais de odontologia não possuem as habilidades necessárias para realizar procedimentos relacionados à harmonização orofacial. Não é a primeira vez que a emissora coloca o profissional cirurgião-dentista em uma posição menor em relação a profissionais da área da dermatologia e cirurgia plástica. Soa assim, mais uma vez, tal qual tentativas infundadas de tornar o serviço exclusivo dos médicos da cirurgia plástica e dermatologia, como forma de reserva de mercado.

O direito de realizar estes procedimentos já está estabelecido. “Os Cirurgiões-Dentistas são comprovadamente aptos para o exercício da Harmonização Orofacial em sua autonomia legal”, como citou, em nota de esclarecimento, Juliano do Vale, Presidente do Conselho Federal de Odontologia.

Vale lembrar também que não há profissional que conheça mais a face humana que o cirurgião dentista. Estudamos o conjunto facial durante 5 anos de graduação.

Busquei especializar-me nas melhores instituições no que se refere à estética orofacial, com atualização em Cirurgia Bucomaxilofacial, especialização em Harmonização Facial em Miami e credenciado em fios faciais na Coreia do Sul.
Nós, cirurgiões dentistas, profissionais que agimos de forma correta e justa, não podemos ter nossa profissão manchada devido a erros e irresponsabilidades de terceiros.

A matéria é perfeita, maus profissionais devem sim, serem expostos, mas de ambas as áreas!

Dr. Fabio Barros